Gregório de Matos

Gregório de Matos


Gregório de Matos Guerra nasceu em Salvador da Bahia em 07 de abril de 1633, filho de português e baiana, iniciou seus estudos no Colégio dos Jesuítas na Bahia. Em 1652, seguiu para Coimbra, onde se formou em Direito e ingressa na magistratura, carreira que interrompe para ao Brasil e retornou a Portugal em 1680, onde se casa. Era conhecido por seu talento repentista e zombeteiro. No ano seguinte retorna à Bahia, case-se pela segunda vez, passa a advogar e toma hábitos menores. Levando uma vida boemia e dando vazão ao temperamento satírico, acaba sendo mal visto pela sociedade, até se obrigado a exilar-se em Angola, onde fica até 1695, quando de regresso ao Brasil, falece um ano depois. Em suas obras, Gregório satiriza os costumes e a sociedade baiana, a qual ele apelida de "canalha infernal". Ninguém escapava de suas duras palavras – políticos, advogados, eclesiásticos, etc. Todos eram alvos das críticas e ironias do autor. Por conta disso, Gregório de Matos ficou conhecido como "boca do inferno". Gregório escreveu poesia lírica, satírica e religiosa, sendo as suas sátiras as mais famosas. Os temas abordados em seus poemas eram coloquiais e a linguagem utilizada era a mesma do cotidiano. Por isso, suas obras são um ótimo material para analisar como era a sociedade baiana no fim do século XVII. A característica mais comum em todas as suas criações é o teor erótico e grande uso de palavras de baixo calão. Entretanto, cada um dos seus estilos possui particularidades. A poesia lírico-religiosa amostra o quanto Gregório estava dividido entre o pecado e a religião e como ele busca por salvação. Esse estilo foi mais reproduzido no fim da sua vida, quando Gregório já começava a se arrepender da vida boêmia que havia levado. Já a poesia lírico-amorosa retoma fortemente o teor erótico, mas possui uma profundidade a mais. O autor retrata o amor como fonte de prazer e sofrimento - essa dualidade é vista em quase todos os seus textos românticos e é um aspecto marcante de sua inspiração barroca. Além disso, a mulher é descrita por dois pontos de vista: como algo inacessível e espiritualizado, e também como a fonte de desejo carnal. O outro estilo presente em algumas de suas obras é o lírico-filosófico. Nelas, ele mostra-se pessimista, angustiado perante a vida e aborda temas como o desconcerto do mundo, discorre sobre a existência, as injustiças da vida e o que nos espera após a morte. Gregório de Matos não publicou nenhuma das suas obras enquanto estava vivo. Após 230 anos, a Academia Brasileira de Letras fez uma compilação de suas poesias conhecidas e as publicou com o título "Obras de Gregório de Matos", composta de 6 volumes.


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